Pelo Bem da Humanidade foi escrito entre os anos de 2016 e 2018, quando a liberdade de acesso à informação na internet era saudada como uma benévola conquista civilizatória. Todavia, a quebra do monopólio midiático tradicional influenciou a mudança nos rumos da política nacional e internacional, ensejando a reação coordenada contra um inimigo artificial, identificado por um rótulo digno da novilíngua orwelliana: o "Discurso de Ódio" (na prática, qualquer opinião discordante da cartilha politicamente correta). O cisne branco transformou-se num patinho feio ao fugir do cercado ideológico.
Nosso livro alertou quanto aos futuros métodos coercitivos a serem implementados pelas big techs, antes que o véu da censura fosse instalado. A profecia foi consumada. Algoritmos maliciosos, shadowbans, agências de "checagem de fatos", "cancelamentos" e o bloqueio de perfis passaram a fazer parte do cotidiano das mídias sociais nos anos seguintes. Emulando as distopias de George Orwell e Aldous Huxley, a informação passou a ser manipulada com mãos de ferro por um conglomerado de metacapitalistas que alegam resguardar o "bem da sociedade": o embolorado discurso adotado por todos os facínoras do século XX, sem exceção.
Não passamos impunes à caça às bruxas. O Facebook excluiu o perfil de Pelo Bem da Humanidade em julho de 2020, mesmo após cumpridos todos os requisitos exigidos pelo Meta (remessa de cópia da identidade, fotografia, dados pessoais, etc.). Amazon, Facebook e Instagram hoje nos vedam o mero anúncio da obra, sob alegações vagas e protelatórias, sem maiores explicações (vide o mosaico acima), num meio onde proliferam livremente perfis de influencers que exaltam desde o uso de drogas até guias abortivos.
Nosso modesto compêndio sobre as origens e fundamentos do totalitarismo parece ter incomodado os poderosos das megacorporações. Segundo argumentou o Meta, a obra "aborda temas sociais delicados que podem influenciar a opinião pública" — como se pudesse ser outro o papel centenário dos livros que tratam de guerras e ideologias.
As grandes plataformas de tecnologia posam como anjos da guarda, mas são um cartel organizado por punhado de bilionários avarentos, guiados por uma agenda ideológica definida, mirando a hegemonia no controle da informação. Seja por ação ou omissão, são cúmplices na relativização das Quatro Liberdades Fundamentais do Ser Humano (de Expressão, de Culto, de Prosperar, e de Viver sem Medo) enunciadas por Franklin D. Roosevelt, em janeiro de 1941. Tais princípios diferenciam os regimes democráticos das ditaduras, e serviram de base para a criação da ONU durante a luta contra o totalitarismo nazifascista. Todas as quatro liberdades foram sumariamente violentadas sob o álibi protetor da pandemia — e algumas continuam sendo pisoteadas, inclusive no Brasil.
Tais evidências confirmam a mais inquietante premissa inclusa em nossa obra: outra cepa totalitária ressurgiu no século XXI, fruto de longa e planejada metamorfose. Suprimir a Liberdade de Expressão — a mais elementar das liberdades — faz parte da sua estratégia para permanecer nas sombras tanto quanto possível. Está na sua essência.
A censura promovida pelas big techs cimenta a base da maior das ameaças que a Civilização Ocidental enfrenta no princípio deste milênio: seu velho e traiçoeiro inimigo, desta vez agindo sob nova roupagem. Afinal, a soma das vítimas de todas as pandemias neste século e no anterior, constitui uma pequena fração dos imolados pelo totalitarismo e seus líderes, sempre dispostos a tolher a sagrada autonomia individual em prol de um bem maior: o "bem da humanidade".
Comments